A Psicanálise

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Em minha primeira crise de depressão em 1996, aos 25 anos, com a ajuda psicanalítica consegui perceber que tinha construído a minha doença e que, portanto, poderia me curar. Esta consciência foi o primeiro passo para tomar posse da minha vida e me determinar a construir um futuro saudável. Em meus livros “Saúde e Espiritualidade” e “Saúde Emocional” conto com tem sido minha trajetória a caminho da saúde.

A psicanálise foi criada for Freud, psiquiatra Austríaco, com o objetivo de ajudar seus clientes a conhecer a raiz dos seus conflitos. Freud percebeu, em sua prática médica, que seus clientes sofriam com sintomas emocionais que resultavam de questões que não foram resolvidas durante as várias fases de sua vida. Freud descobriu que seus clientes se libertavam de problemas crônicos como angústia, medo, manias de perseguição, entre outros, através da fala livre. Assim, Freud desenvolveu o método que ele denominou de livre associação. Neste método o terapeuta, chamado de psicanalista, deixa o paciente falar com liberdade das situações que vivencia em seu cotidiano, dos seus sentimentos, lembranças e sonhos, procurando compreender as relações existentes neste material e conseqüentemente as razões de seus sintomas. Para compreendermos a teoria freudiana precisamos compreender o conceito de “inconsciente pessoal” criado por Freud. Segundo ele, temos em nossa mente uma espécie de arquivo, em que fica registrada grande parte de nossas lembranças. Neste arquivo está toda a história da vida de uma pessoa, alegrias, tristezas, medos, dúvidas, terror e conflitos que em algum momento de nossas vidas pode aparecer em forma de problemas psiquiátricos e psicológicos.

A experiência clínica mostrou que, para o analisando, conhecer algo intelectualmente nunca basta. Mas, a longo prazo, pode chegar o momento em que o paciente, constantemente recaindo, constantemente esquecendo percepções penosamente conquistadas, comece a absorver, a “elaborar” seu conhecimento duramente obtido. “O médico”, sugeriu Freud no artigo “Recordar, Repetir e Elaborar”, não tem “mais nada a fazer senão esperar e deixar que as coisas sigam seu curso, que não pode evitado e nem acelerado” (GAY, 1989, p. 284).

Segundo Freud, a melhora do cliente ocorre quando um conflito, resultante de uma experiência que não pode ser elaborada na época do seu acontecimento, sai do inconsciente e chega ao consciente. Apenas quando o conflito chega ao consciente o paciente pode elaborá-lo e livrar-se da tensão provocada quando o mesmo estava em seu inconsciente. A psicanálise é muito criticada em nossa sociedade porque propõe um processo de autoconhecimento longo e demorado no objetivo de fazer o paciente conhecer as raízes de seus problemas, elaborá-los e resolvê-los. Defendo o tempo requerido pela psicanálise porque acredito que problemas acumulados durante anos não podem ser resolvidos em poucos meses. Eu mesma fiz psicanálise durante nove anos. A teoria construída por Freud já foi questionada e ampliada por seus seguidores, uma das principais falhas é sua visão materialista do ser humano. Jung, em suas pesquisas, desenvolveu o conceito do “inconsciente coletivo” e dos “arquétipos”, introduzindo a idéia de evolução ao trabalho terapêutico. Segundo Jung, não somos influenciados apenas por nossas memórias individuais, mas também memórias coletivas, da nossa espécie, de nossos ancestrais, da nossa caminhada em direção a Deus.

No termo de sua elaboração atual, a análise junguiana apresenta dois aspectos, terapêutico e evolutivo.

O aspecto terapêutico é conhecido e geralmente aceito; neste caso, a análise, seja qual for a escola a qual pertença, se dirige a doentes (neuróticos).

O aspecto evolutivo é menos conhecido, e mais difícil de admitir, porque se trata de uma evolução espiritual. De fato – e voltaremos a este ponto – as descobertas de Jung lhe permitem servir-se da análise da psique como um meio de retorno ao Espírito. Com isso, a análise não se dirige unicamente a neuróticos, mas também a seres que se preocupam com a vida interior e que procuram a sua vida espiritual (WINCKEL, 1985, p. 23).

A psicanálise é limitada, como todas as técnicas e métodos terapêuticos que conheci, o importante é que com a análise consegui resolver conflitos que se mantinham em minha memória emocional criando uma energia de desarmonia, que com o tempo me conduziram a depressão. Mais importante que procurar um sistema terapêutico perfeito teoricamente é saber no que ele pode nos ajudar e utilizá-lo como um instrumento para evoluirmos e nos tornarmos mais saudáveis.

Escrito por Silvana Medeiros