Constam em nosso currículo escolar o estudo detalhado do nosso corpo físico com seus órgãos e sistemas. Na época da escola não consegui entender como todas aquelas informações eram importantes para minha saúde. Hoje, por necessidade, volto aos livros para recuperar os conhecimentos que me foram ofertados no passado, para aprender a cuidar de um veículo que me permite a expressão neste mundo, possibilitando experiências que me ajudam a amadurecer e cultivar a minha saúde. Abordaremos a seguir os sistemas e órgãos do corpo físico mais acessíveis a nossa percepção.
O corpo físico é formado por órgãos e sistemas que trabalham de maneira integrada entre si e, externamente, com os órgãos de nossos outros corpos. O órgão mais visível do corpo físico é a pele que recobre toda a sua extensão protegendo-o de ameaças que colocam em risco seu equilíbrio. A pele é um órgão protetor composto por camadas de células epiteliais sobrepostas. Ela nos fornece informações importantes sobre nossa saúde e desgaste do organismo. Sua cor e textura podem informar, entre outros problemas, a falta de vitaminas, o excesso de tensão no cotidiano ou a invasão de agentes agressores, portanto devemos nos manter atentos aos sinais oferecidos por este importante órgão e aos instrumentos que dispomos para cuidar dele. A relação deste órgão com o funcionamento de outros corpos fica clara quando percebemos que nossas preocupações mentais contraíram o corpo emocional causando alterações que denominamos de angustia ou ansiedade e que acabam por produzir eczemas ou outros tipos de problemas na pele. Estas relações ficarão mais claras quando mais adiante esclarecermos a anatomia do corpo emocional.
O coração é outro órgão que se expressa com bastante nitidez e nos oferece informações importantes sobre o nosso equilíbrio orgânico. Ele faz parte do sistema circulatório e é responsável por bombear o sangue para todas as regiões do corpo físico. Podemos facilmente medir nossa pulsação para identificar o ritmo de suas batidas que deve se manter dentro de médias estabelecidas como normais pela medicina oficial. As escalas variam dentro de patamares relacionados à atividade do organismo, variando entre: repouso, atividade moderada ou atividade extrema. Também é de fácil percepção sua relação com os outros corpos. Quando nos encontramos diante de uma situação em que o nosso corpo mental considera perigosa instantaneamente se desencadeia uma reação emocional de medo que provoca o aceleramento das batidas do coração. A alteração súbita do ritmo cardíaco, dependendo da saúde do coração, pode provocar a ruptura de uma de suas artérias, causando em algumas situações a falência do todo o nosso organismo.
Depois do coração, o estômago é o órgão que conseguimos ser mais sensíveis ao seu funcionamento. Lembro-me que desde criança sinto dores estomacais em momentos difíceis ou depois da ingestão de determinados alimentos, como o café.
O estômago é o órgão responsável por absorver e diluir, através das enzimas, os alimentos que ingerimos. Para manter este órgão saudável é preciso observar o que lhe faz bem ou o que lhe agride. Após anos de observação e cuidado consegui reduzir muito as dores que sentia na infância. Fui aprendendo a reconhecer o que me fazia bem e o que me provocava gases, responsáveis pelos desconfortos que eu sentia. Certos alimentos podem ser muito saudáveis e nutritivos, mas podem agredir o estômago de pessoas com sensibilidade a determinadas substâncias. Por isso é importante observar o que lhe faz bem para manter em sua dieta e retirar os alimentos que você verificar que lhe causam desconfortos.
O estômago também expressa com clareza sua relação com as informações transmitidas pelo nosso corpo emocional. A percepção de uma situação perigosa pelo corpo mental pode acelerar as batidas no coração ou/e aumentar a acidez do nosso estomago através da liberação de substâncias que agridem nossa flora intestinal. Por isso, as pessoas que vivem constantemente sob tensão ou pressão psicológica tendem a desenvolver gastrites e úlceras, uma vez que as substâncias agressivas são liberadas com muita constância.
O estômago integra o sistema digestivo, que também é composto entre outros órgãos pelo intestino, responsável pela absorção dos nutrientes necessários a manutenção do organismo e pela liberação dos resíduos que precisam ser descartados para o seu adequado funcionamento. Como acontece com o estômago, algumas substâncias agridem nosso intestino e dificultam seu funcionamento. Alimentos com muitos ingredientes químicos ou com poucas fibras prejudicam o processo de absorção e descarte de resíduos, por isso tem sido recomendada pelos profissionais de saúde a ingestão de frutas ou produtos integrais, capazes de regularizar as funções intestinais.
Também é possível perceber a interferência direta das emoções no funcionamento do intestino quando, vivenciando situações estressantes, passamos dias e até semanas sem expelir nossas fezes. Um processo que prejudica muito nossa saúde, porque uma parte dos resíduos que se mantêm presos nas paredes do intestino provoca irritações, fácil de perceber através de inchaços e rigidez na região da barriga. Além destas irritações, o organismo se desequilibra porque algumas das substâncias que seriam eliminadas através das fezes são novamente absorvidas pelo organismo, provocando intoxicações que poluem o sangue, produzindo alterações no sistema nervoso. Por isso, dizemos que uma pessoa irritada está enfezada, porque seu estado pode ser conseqüência das substâncias tóxicas absorvidas das fezes que não foram expelidas adequadamente.
O pulmão é o órgão responsável pela oxigenação de nossas células. Ele absorve e filtra o ar recolhido no meio ambiente. Quando residimos em uma região muito poluída ou mesmo se tivermos o hábito de fumar estaremos provocando problemas respiratórios, porque os pulmões ficam sobrecarregados por substâncias pesadas que, aos poucos, dificultam a respiração saudável. A sujeira que entra pelas nossas narinas é inalada e acumulada nos aúreolos, cavidades que constituem o as paredes dos pulmões.
O corpo emocional também interfere no processo de absorção do ar, isto fica bem visível quando, vivenciando crises de ansiedade, percebemos nossa respiração se tornar mais ofegante e o ar entrar com mais dificuldade em nossos pulmões. Tive uma espécie de transe quando estava em uma das minhas crises de depressão, num dia, pela manhã, enquanto caminhava, repentinamente senti o ar faltar. Naquele momento, eu tentava respirar e não conseguia. Este tipo de situação é vivenciada constantemente pelos asmáticos, durante suas crises o pulmão se contrai e mantém a ar preso, impedindo o fluxo respiratório.
A figura acima mostra o corpo humano vivenciando diferentes tipos de emoções, resultante de recentes descobertas científicas. Um estudo finlandês, da Universidade de Aalto, entrevistou mais de 700 pessoas na Finlândia e em Taiwan e encontrou resultados semelhantes mesmo em culturas bem diferentes.
Em outro momento de minha vida enfrentei uma situação que abalou profundamente meu corpo emocional, afetando meu corpo físico ao interferir no funcionamento do sistema respiratório. Lembro-me que na época vivi um conflito afetivo em que me via entre duas pessoas de quem gostava. Minha reação inicial ao perceber este duplo sentimento foi negá-lo. A negação do conflito provocou a produção de uma secreção que obstruiu as minhas vias respiratórias e os órgãos mais próximos. Primeiro a secreção obstruiu meu nariz e impediu absorção do ar, depois fechou o canal que liga o nariz ao ouvido, atrapalhando a entrada do som e ao final de um mês estava saindo através dos canais lacrimais. Analisando estas dificuldades físicas, conclui que toda aquela secreção resultava de uma tentativa desesperada de negar meu conflito. Assim, tomei a iniciativa de falar dos meus sentimentos com as pessoas envolvidas e em menos de uma semana estava livre de todos os incômodos.
Os sistemas ósseo e muscular são responsáveis pela sustentação de todo o organismo, o que permite e favorece a nossa locomoção. Temos um esqueleto composto por um conjunto de ossos que interligados por ligamentos e cartilagens executam manobras característicos da raça humana. Estes ossos e cartilagens são constituídos por substâncias que mantém sua consistência e resistência. Pessoas que não absorvem quantidades adequadas de cálcio e colágeno e/ou não fazem exercícios físicos têm ossos mais frágeis e passíveis de se quebrarem, além de desgastes e calcificações em suas cartilagens. É muito comum pessoas com problemas na coluna vertebral devido ao desgaste das cartilagens que separam uma vértebra da outra ou pela calcificação das mesmas.
Algumas pesquisas científicas na área da saúde psicossomáticas também relacionam o enfraquecimento dos ossos e os problemas de coluna a situação de intenso estresse, angústia e ansiedade. Os pesquisadores concluem que estas emoções, em alguns casos, dificultam a absorção do cálcio pelo organismo deixando os ossos mais frágeis, ou favorecem a calcificações de cartilagens que deixam as articulações imobilizadas. E estes quadros acontecem mesmo que o indivíduo esteja ingerindo as quantidades adequadas de cálcio e se exercitando.
No sistema muscular podemos verificar a ação imediata de fatores físicos e emocionais em seu funcionamento. A falta ou excesso de exercícios causam, entre outros problemas, distensões e rupturas musculares. Pesquisas recentes constatam que o número crescente de pessoas diagnosticadas com fibromialgia têm sentimentos intensos de mágoas e rigidez. A fibromialgia é uma doença que provoca dores em todo o corpo resultante de tensão muscular crônica. Muitos dos pacientes são tratados com antidepressivos que favorecem um descontração e atitude otimista diante da vida.
O sistema nervoso e o sistema endócrino são responsáveis por coordenarem o funcionamento integrado do nosso organismo. Portanto, quaisquer alterações nestes sistemas interferem na qualidade de nossa saúde.
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacita o organismo a perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as modificações que essas variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase). São sistemas envolvidos na coordenação e regularização das funções corporais. (BERALDO, 2008, p. 78).
Todas as situações descritas acima têm estímulos variados, mas passam invariavelmente pelos comandos dos sistemas nervoso e endócrino. É através destes sistemas que o corpo emocional e mental exerce a sua influencia sobre determinados órgãos do corpo físico, relacionados com pensamentos e emoções específicas. Teremos uma compreensão mais aprofundada quando mais a frente analisarmos o funcionamento do nosso corpo energético, emocional e mental.
Existem doenças que atacam diretamente o funcionamento do sistema nervoso e, por conseqüência, desorganizam todos os outros sistemas. Enfermidades que são produzidas pela escassez de substâncias que mantém o sistema saudável, por alguns tipos de bactérias ou por influência de energias, emoções e pensamentos desequilibrados.
Os neurotransmissores são substâncias produzidas pelo sistema nervoso. As alterações na quantidade destes transmissores produzem doenças como o Mal de Parkison, depressão, síndrome do pânico e outros problemas neurológicos e/ou psicológicos. Tais enfermidades são devastadoras para o ser humano porque, na grande maioria das vezes, lhe tiram a consciência sobre seu problema e a força para lutar contra o seu mau. Além de comprometer a saúde de maneira silenciosa, sem que familiares e amigos percebam a agravamento dos sintomas. Abaixo Beraldo (2008, p. 83) cita as funções específicas de alguns neurotransmissores.
Endorfinas e encefalinas: bloqueiam a dor, agindo naturalmente no corpo como analgésicos.
Dopamina: neurotransmissor inibitório derivado da tirosina. Produz sensações de satisfação e prazer. Os neurônios dopamineérgicos podem ser divididos em três subgrupos com diferentes funções. O primeiro grupo regula os mivimentos: uma deficiência de dopamina neste sistema provoca a doença de Parkson, caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e outras desordens motoras, em fases avançadas pode verificar-se a demência. O segundo grupo, o mesolímbico, funciona na regulação do comportamento emocional. O terceiro grupo, o mesocortical, projeta-se apenas para o córtex pré-frontal. Esta área do córtex está envolvida em várias funções cognitivas, memória, planejamento de comportamento e stress. Distúrbios nos dois últimos sistemas estão associados com esquizofrenia (é uma doença mental grave que se caracteriza classsicamente por uma coleção de sintomas, entre os quais avultam alterações do pensamento, alucinações sobretudo auditivas, delírios, embotamento emocional, com perda de contato com a realidade, causando, talvez, um disfuncionamento social crônico.
Serotonina: neurotransmissor derivado do triptofano, regula o humor, o sosno, a atividadesexual, o apetite, o ritmo circadiano, as funções neuroendócrinas, temperatura corporal, sensibilidade a dor, atividade motora e funções cognitivas. Atualmente vem sendo intimamente relacionada aos transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância no espaço entre um nerônio e outro. Tem efeito inibidor da conduta e modulador geral da atividade psíquica. Influi sobre quase todas as funções cerebrais, inibindo-a de forma direta ou estimulando o sistema GABA.
GABA (ácido gama-aminobutírico): principal neurotransmissor inibitório do SNC. Ele está presente em quase todas as regiões do cérebro, embora sua concentração varie conforme a região. Está envolvido com processos de ansiedade. Seu efeito ansiolítico seria fruto de alterações provocadas em diversas estruturas do sistema límbico, inclusive a amígdala e o hipocampo. A inibição da síntese do GABA ou o bloqueio de seus neutransmissosres no SNC, resultam em estimulação intensa, manifestada através de convulsões generalizadas.
Estudando a função dos neurotransmissores conhecemos algumas das substâncias responsáveis pelas alterações em nosso equilíbrio emocional. Através dos resultados de pesquisas na área da medicina psicossomática, podemos compreender como nossos pensamentos e emoções alteram a produção destas substâncias.
Os hormônios liberados pelo sistema endócrino também são substâncias que interferem em nosso humor. O hipotálamo localizado no cérebro liga o Sistema nervoso ao Sistema Endócrino, emitindo informações para a glândula hipófise, que influenciam na liberação de hormônios. O hipotálamo é responsável pelo controle da temperatura corporal, pelo nosso apetite, é o centro de expressão emocional e do comportamento sexual.
O sistema Endócrino é formado pelo conjunto de glândulas que apresentam como atividade característica a produção de secreções denominadas de hormônios. Frequentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso, formando mecanismos reguladores bastante precisos. O Sistema Nervoso pode fornecer ao Sistema Endócrino informações sobre o meio externo, enquanto que o Sistema Endócrino regula a resposta interna do organismo a esta informação. Desta forma, o Sistema Endócrino e o Sistema Nervoso atuam na coordenação e regulação das funções corporais. Alguns dos principais órgãos que constituem o Sistema Endócrino são: a hipófise, o hipotálamo, a tireóide, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas (os ovários e os testículos) (BERALDO, 2008, p. 85).
Ao estudar a inter-relação e influência entre os sistemas do corpo físico e suas ligações com os demais corpos amplia os recursos que podemos utilizar para cuidar: do nosso corpo físico, responsável pela produção dos neurotransmissores; do nosso corpo emocional, responsável pelas emoções e sentimentos; do corpo mental responsável por nossos pensamentos. Existem inúmeros livros em que vamos encontrar a relação de determinadas emoções e pensamentos com tipos específicos de doenças. Para compreender como surgem e se desenvolvem as doenças físicas é preciso estudar como se processa as trocas energéticas entre os corpos.
Freqüentemente as enfermidades têm início em corpos mais sutis, resultantes de pensamentos ou emoções destrutivas. As repetições continuadas de expressões energéticas doentias nos corpos sutis vão gradativamente contaminando os corpos de energias mais densas até que se manifestam em forma de doenças no corpo físico. É quando finalmente percebemos a sua existência e, levianamente, atribuímos a Deus ou a falta de sorte o surgimento das mesmas nas nossas vidas. Portanto, a doença que percebemos hoje, começou em épocas muito anteriores ao seu aparecimento.
A idéia que desenvolvemos neste livro – e dela tentaremos convencê-lo, caro leitor – é a de que, sem esquecer a pluricausalidade das doenças, estas, para ocorrer, exigem como fator suficiente, na quase totalidade das vezes, algum tipo de sofrimento na esfera emocional. Na base desse sofrimento – ainda segundo acreditamos – haveria sempre um desassossego íntimo, e desamor a si próprio, de insatisfação interior enfim, para o qual o indivíduo não daria solução satisfatória, e portanto teria a doença como conseqüência e forma de escape (DIAS, 1998, p. 92).
Em meus estudos verifiquei que as pesquisas na área da medicina psicossomática nos oferecem orientações importantes para a compreensão e cura das nossas enfermidades. Contudo, mesmo esta área da medicina deixa muitos espaços abertos e comete erros por não considerar as causas espirituais das doenças. Lacuna que iremos suprir até o final deste livro.
Escrito por Silvana Medeiros