Dia desses, no shopping Tambiá – João Pessoa-PB, após realizar algumas compras, sentei em um banco em frente a uma lojinha de variedades. Ali fiquei moendo o tempo e me divertindo com pessoas indo e vindo. Interessante: cada uma com seu jeito de ser, de andar, de carregar seus pacotes… Todas totalmente diferentes. São obras de Deus!
Em dado momento, chega uma senhora com uma linda garotinha e diz: – Posso sentar minha menina aí?
Respondi: Pode, sim!
(A mãe retira uma bonequinha de dentro de sua bolsa e entrega a garotinha, dizendo) – Não saia daí. Vou comprar aqui na lojinha, mas será rápido! (Ajudou a menininha sentar no banco ao meu lado; olhou para mim como se dissesse tome conta dela e, com um sorriso no rosto, foi à loja. Era uma senhora jovem, bonita e com roupas simples, mas elegante. A garotinha ficou sentadinha, balançando as pernas e ajeitando o vestido de sua pequena boneca. Vestia um shortinho branco e uma blusinha azul.)
(Cumprimentei a menina que me respondeu com suavidade.) (Perguntei a ela) – Quantos anos você tem?
(menina) Pra que saber? (Falou continuando mexendo no vestido da boneca. Ela mudava o som de algumas letras, que não sei descrever aqui. Levantei os ombros num gesto de interrogação.)
(meni) – Uma mulher não gosta de dizer sua idade!
(Eu) Tudo bem!
(menina) (Olhando discretamente de soslaio para mim, falou) – Mas eu sei sua idade!
(Eu) – Sabe? Quando anos eu tenho?
(Ela voltou a olhar pra mim, agora seriamente e disse) – Entre 50 e 55.
(Eu) – Poxa, que bom! (senti-me bem com aquela resposta já que tenho entre 60 e 61 anos de idade.)
(Por uns segundos ficamos calados e té que ela me perguntou) – Você sabe uma das coisas mais importante da vida? (Fitando-me bem nos olhos mostrando segurança do que estava perguntando.)
(Respondi) – Amor? Amizade?
(menina) – Não! Isso é importante, mas não é isso. (Percebia que a mãe da garotinha sempre desviava seu olhar do que estava comprando e nos observava, mas demonstrava tranqüilidade.)
(Eu) Ah! Já sei: Deus!
(meni) – Não! Disse a garota em voz mais alta. (Nisto a mamãe olhou novamente para nós e eu fiz um gesto com a mão dizendo que estava tudo bem.)
(Eu) Deus é o mais importante. Ele é tudo!
(menina) Você não sabe, eu vou dizer: É conversar! As pessoas não conversam muito. Se conversassem mais seria melhor.
(Eu) As pessoas não conversam com você?
(menina) Não!
(eu) E suas professoras?
(menina) Ah! Essas só sabem dar aulas e cobrar nas provas. Não aprenderam conversar com a gente… Saber como estamos, nossas vontades e outras coisas…
(eu) E com seus pais, você conversa?
(menina) Sim, com eles converso. Mas quando estou só converso com minha bonequinha. (Disse levantando a pequenina boneca e olhando-a num gesto bem delicado e carinhoso.)
(eu) Mas ela não fala! Fala?
(menina) Fala, sim! Eu falo com ela e eu respondo por ela e assim a gente conversa. E o que eu decido é porque imagino o que ela iria pensar de mim, do que eu quero fazer. Aí eu faço o melhor.
(eu) Que ótimo. Você é uma excelente menina. Sabia?
(menina) Só sei que sou esperta e percebo as coisas.
– Deyse, vamos! (Foi a voz da mãe que cortou nosso conversa. Chegou mais perto, ajudou a menina descer do banco, colocou a bonequinha na bolsa e sorrindo fez um ar de agradecimento a mim. Pegou na mãozinha de Deyse que olhou para mim e disse) – Foi muito bom conversar com o senhor!
(eu) Também gostei! Alisando os seus cabelos cacheados e bem delicados. (Elas se afastaram, mas ainda ouvi a mãe perguntar, enquanto a menininha olhava para trás e com a mãozinha nos lábios me enviava um beijo.) (mãe) Quem é este senhor?
(menina) Não sei; ele nem me disse seu nome…(Retribui o beijo e elas se foram de mãos dadas conversando.)
Fique ali sentado pensando no que a menininha me disse. Sabe da verdade? A gente precisa mesmo conversar mais. Quem sabe até conversar conosco mesmo, como ela faz com sua bonequinha. Poderíamos melhorar o mundo. Criar mais pontes entre as pessoas. Corrigirmo-nos, melhorando o nosso desempenho e o nosso eu. É sim. E às vezes estamos rodeados de pessoas, mas mesmo assim nos sentimos infinitamente solitários.
Enquanto estava perdido em meus pensamentos, um senhor de meia idade chegou e sentou no banco onde eu estava e então não perdi tempo… Segui o conselho da garotinha:
– Oi!
Escrito por Antonio Luiz
09/01/2012.
ANTONIO LUIZ DA SILVA, nascido em 15/02/1951, médico com especialização em Medicina do Trabalho, cursando pós-graduação em Terapias Holísiicas, gosta de músicas, é compositor, com algumas músicas já lançadas em gravações, gosta muito de ler e escrever principalmente crônicas, poesias e se dedica bastante em conhecer e divulgar a história de sua cidade natal: Rio Tinto. Email: als.rt <als.rt@bol.com.br>