As informações aqui encontradas serão úteis para os que procuram conhecer as razões de suas enfermidades e empreender um processo de auto-cura, o que só é possível quando conseguimos entender o quê a doença quer nos mostrar e nos modificarmos para atender suas solicitações. A doença, qualquer que seja ela, é um mapa e uma bússola para nos conhecermos. No livro “A doença como caminho” s autores esclarecem as razões dos sintomas:
O que constantemente se manifesta em nosso corpo como sintoma é a expressão visível de um processo invisível, o qual deseja interromper nosso caminho por meio de sua função de sinal de advertência, indicando que alguma coisa não está em ordem. Isso nos faz questionar os motivos subjacentes. Também neste caso é bobagem zangar-se com o sinal, aliás, é de fato absurdo desejar apagá-lo, meramente impedindo-o de manifestar-se. O sintoma deve tornar-se supérfluo e não ser impedido de manifestar-se. Mas para isso, também neste caso, é preciso desviar o nosso olhar do sintoma e examinar tudo com mais profundidade, a fim de compreendermos para o que o sintoma está apontando (DETHLEFSEN; DAHLKE, 2000, p. 16).
As enfermidades que temos durante a vida revelam características da nossa alma, nossos compromissos cármicos e lições de aprendizado. Através das dores que nos afligem podemos descobrir se a vida que estamos vivendo está de acordo com os compromissos que assumimos antes de chegar a este planeta, ou seja, aquilo que nos aproxima de Deus.
Aprendi, depois de muito estudo e auto-investigação, que a doença é o resultado do desequilíbrio entre nosso ego e nossa alma. A alma está voltada para Deus, busca a unidade com Deus e toda a sua criação, tem necessidades do aprendizado e resgate que entram em conflito com os desejos do nosso ego, sedento por satisfações e prazeres egoístas. O ego, de onde provém o egoísmo, deveria estar sempre a serviço das necessidades da alma mas, muitas vezes, assume o controle de nossa vida e aí surgem as doenças com o objetivo de nos reconduzir ao caminho certo.
O ego é o conjunto dos veículos de manifestações que dispomos para habitar este planeta. São muitos os corpos que utilizamos, mas apresentarei aqui apenas alguns deles. Cada um dos veículos ou corpos tem características específicas que podem nos oferecer informações sobre processos de aprendizados da nossa consciência na experiência de vida atual.
O veículo mais fácil de percebermos é o corpo físico, que através dos sentidos nos oferece a oportunidade de experimentar sensações no mundo da matéria. Outro veículo de manifestação é o corpo energético, responsável pela energia que nos move. Temos também um corpo emocional, que possibilita a experimentação de emoções e sentimentos que nos tornam sensíveis a todos os seres vivos que estão ao nosso redor. O último que apresentaremos é o corpo mental que nos oportuniza o conhecimento do funcionamento de todas as coisas, dos corpos que habitamos, do planeta em que vivemos, do universo, da nossa alma, de Deus. Brennan descreve estes veículos da seguinte forma:
O Bhagavad-gitã, livro sagrado hindu, faz uma representação muito simples e clara que ampliou minha compreensão sobre a relação da alma com os corpos pelos quais ela se manifesta. O corpo físico é representado por uma carruagem, necessária para a locomoção da alma neste mundo, o corpo energético e emocional é representado pelos cavalos, que puxam a carruagem com energia e sensibilidade para reagir ao meio e as orientações do cocheiro que representa o corpo mental, conhecedor dos caminhos que pode percorrer a serviço da alma, está representada pelo viajante que segue dentro da carruagem. Assim, a alma é que realmente sabe o caminho que precisa percorrer para chegar a Deus e que, portanto, deveria governar o cocheiro que governa os cavalos que puxam a carruagem.
A doença na criança ou no adulto tem as mesmas razões, nasce das escolhas que fazemos em vidas passadas e na atual. As enfermidades surgem quando a carruagem, os cavalos ou o cocheiro assume o controle sobre a nossa vida; neste processo deixamos de ouvir o viajante (a alma) e buscamos prioritariamente a satisfação dos desejos animais, emocionais ou intelectuais, característicos da constituição de cada um desses corpos.
Quando é a carruagem que assume o controle de nossas vidas, nossas metas se resumirão em comer, dormir e fazer sexo. Neste caso, não saímos do lugar, ou seja, não nos desenvolvemos, apenas sobrevivemos. E quando esta se torna nossa maior prioridade tenderemos a produzir diversos tipos de compulsão: por comida, sexo, lazer, ou qualquer tipo de prazer associado às sensações dos cinco sentidos. E destas compulsões, poderão advir diversas doenças que, gradativamente, nos debilitarão até a morte, a menos que redirecionemos nossos comportamentos.
Quando os cavalos (corpo energético e emocional) assumem o comando de nossas vidas, nossos objetivos se resumirão em obter novas e mais fortes emoções, capazes de nos excitar, assim nos tornamos ávidos por paixões, esportes radicais e toda experiência que nos emocione. Desta forma, ao invés de usarmos nossas energias para aprender a amar, as usaremos apenas para obter novos estímulos emotivos, comportamento bastante comum em nossos dias, em que a indústria do entretenimento se expande.
Quando o cocheiro (corpo mental) tomar as rédeas de nossas vidas, nosso objetivo será buscar incessantemente mais e mais conhecimentos intelectuais, alimentando uma incessante sede por informações que geralmente ficam apenas no plano das idéias, não tendo nenhuma utilidade em nossa caminhada espiritual. Esse conhecimento que vamos acumulando infla o nosso ego, nos tornando cada vez mais orgulhosos e distantes da humildade tão necessária à grande missão de amar ao próximo, grande propósito da nossa alma em evolução.
Em qualquer uma das situações acima descritas as necessidades da alma ficarão esquecidas e gradativamente adoeceremos. Nossa alma veio a este mundo com o propósito maior de aprender a amar. Para isto será preciso se dedicar a servir ao próximo, no sentido de ajudá-lo a também responder as demandas de sua alma, objetivos estranhos à lógica capitalista liberal vigente neste mundo, em que a economia, a política, a educação e a saúde devem servir ao crescimento econômico, e não ao desenvolvimento humano. Segundo Capra (1993, p. 206)
Os fabricantes gastam verbas enormes em publicidade a fim de que seja mantido o padrão de consumo competitivo; assim, muitos dos artigos consumidos são desnecessários, supérfluos e, com freqüência, manifestamente nocivos. O preço que pagamos por esse excessivo hábito cultural é a contínua degradação da real qualidade de vida – o ar que respiramos, o alimento que comemos, o meio ambiente onde vivemos e as relações sociais que constituem a tessitura de nossas vidas. Esses custos de superconsumo perdulário já foram bem documentados há muitas décadas, e continuam aumentando.
A saúde, que tanto buscamos, apenas se apresentará quando a alma estiver no comando de nossas vidas, apontando a direção que devemos seguir, utilizando e controlando os instintos de cada um dos nossos corpos para alcançar seu objetivo maior que é se reconhecer em Deus através da expressão do amor. Para isso os corpos precisam ser colocados em seus devidos lugares, isto é, a serviço da alma. O que inevitavelmente nos levará a uma vida destoante e contrária àquela propagada pelas indústrias do consumo.
Descobrir as necessidades da alma é essencial para se ter saúde. Em seguida, teremos que nos esforçar para atender tais necessidades, um longo caminho, cheio de armadilhas e resistências criadas por nosso ego e pelo meio em que vivemos, permeado de estímulos aos nossos desejos. Nossos corpos irão lutar para se manterem no controle, insistindo para que as pessoas permaneçam nos vícios, acostumadas que estão ao comércio alimentício, sexual, de lazer, de bens etc. Nesta caminhada enfrentaremos ainda as dificuldades geradas por toda a estrutura social em que vivemos, incluindo familiares, amigos, educação, profissionais de saúde, religião etc.
Cada um desses corpos ou veículos de manifestação foi e continua sendo estimulado a desenvolver hábitos e vícios que visam unicamente à própria satisfação, isto acontece durante esta vida e em nossas várias existências anteriores. Em seus livros, Brian Weiss traz vários relatos de como o tratamento, utilizando a terapia de regressão a vidas passadas, cura seus pacientes de problemas que se originaram em encarnações passadas.
A terapia de regressão é também extremamente útil no reconhecimento e interrupção de comportamentos destrutivos recorrentes, tais como o abuso de drogas ou de álcool e problemas de relacionamento.
Muitos dos meus pacientes recordam hábitos, traumas e relações abusivas que não só ocorreram em suas vidas passadas, mas que estão ocorrendo novamente na vida atual. (WEISS, 2009, p. 21)
O corpo físico, centrado nas sensações, pode ter acumulado vícios alimentares, sexuais e toda ordem de distrações, nesta ou em vidas anteriores, para se manter saciado. Por isso é tão difícil frear a ingestão excessiva de bebidas e/ou alimentos que prejudicam nossa saúde. O corpo emocional, cuja matéria é a emoção, pode ter adquirido vícios afetivos extremamente destrutivos, mas que lhe excitam. Desse modo, conhecemos pessoas que repetidamente vivem relações afetivas violentas ou se envolvem em situações que põem em risco suas vidas.
O corpo mental, saciado por informações que aguçam sua curiosidade, pode gerar indivíduos que se concentram quase que exclusivamente em estudos e leituras, esquecendo de alimentar seus outros corpos e principalmente de ouvir os chamados de sua alma. Esses padrões de comportamento que os corpos vão adquirindo geram os desequilíbrios, que com o passar do tempo, transformam-se em doenças. Portanto, quando qualquer enfermidade se apresenta, é preciso descobrir os padrões de comportamento que estão em sua base, como fonte geradora do mal. Para que a cura definitiva aconteça teremos que identificar e transformar estes padrões, o que é perfeitamente possível com a utilização de terapias e práticas espirituais, algumas das quais descreveremos mais adiante.
Os padrões de comportamento aos quais nos referimos são resultantes de crenças, registros emocionais e dívidas cármicas que compõem o nosso arquivo de memórias inconscientes, acumulados durante nossas reencarnações passadas e em nossa vida atual.
Este arquivo dá a atual forma aos nossos corpos, sua força e fraquezas; esta realidade explica muitas das doenças dos recém-nascidos e aquelas que vão surgindo durante as nossas vidas. O processo de descoberta das causas geradoras das enfermidades é o único que irá nos garantir a cura definitiva para os nossos males, porque é um percurso enriquecedor que nos ajuda a conhecer quem somos nós e o que viemos fazer neste planeta. A seguir apresentarei os recursos que venho conhecendo e utilizando em minha caminhada de auto-cura e como eles me ajudaram a tornar minha vida mais saudável e feliz.
Os métodos e instrumentos para ajudar a nos diagnosticar e nos curar são infinitos, nenhum deles pode ajudar a todas as pessoas, pois para cuidar do ser humano não podemos estabelecer regras rígidas. Venho percebendo que existem instrumentos mais eficientes que outros em determinadas enfermidades. A eficiência dos recursos também vai depender do estágio da doença na pessoa, portanto é muito importante conhecer vários instrumentos e saber utilizá-los.
Para utilizar tais instrumentos é necessário conhecer os corpos em que irão atuar. Cada um dos corpos acima descritos tem sua própria anatomia, com sistemas diferenciados que funcionam de forma integrada e interligada aos sistemas dos outros corpos. No próximo capítulo daremos uma breve visão sobre a anatomia dos corpos atualmente conhecidos pela ciência oficial e pelas correntes espirituais disponíveis no oriente e ocidente.
Escrito por Silvana Medeiros