Demorei algum tempo para entender o conceito de projeção de Jung, talvez porque implicasse em admitir traços de minha personalidade que achava deprimente. Mas, a verdade é que quando comecei a me perguntar porque algumas características me irritavam ou me indignavam nos outros, acabei descobrindo que isto acontecia porque se tratavam de expressões externas de impulsos íntimos que eu tinha, mas considerava desprezíveis.
A projeção é um fenômeno absolutamente inconsciente que consiste em projetar fora, em outros seres, humanos, animais ou objetos, tudo o que nosso consciente reprime. A projeção pode ser negativa ou positiva; assim, tudo o que criticamos, tudo o que caçoamos nos outros, tudo o que nos outros nos enerva e nos é hostil, não passa, no fundo, de projeção de nossos elementos inconscientes; o mesmo sucede com tudo o que nos outros admiramos e cobiçamos ou que nos agrada .
ERNA VAN DE WINCKEL (Do inconsciente a Deus, p. 65)
O ódio, raiva, medo ou desprezo que sentimos por pessoas, animais ou mesmo objeto fala do que mais desprezamos ou tememos em nós. Se sentimos muita raiva de pessoas que são promíscuas, corruptas, subservientes, ignorantes, desonestas etc., é porque temos em nosso inconsciente impulsos para expressar comportamentos semelhantes. Para encontrar estes impulsos precisaremos observar nossos pensamentos e sentimentos, até perceber nossos desejos mais intimas, severamente negadas geralmente por preconceito religioso, familiar ou cultural. No dia que percebermos e aceitarmos este traços em nossa personalidade deixaremos de projetar e então poderemos tratar destas características em nós.