Nos preocupamos quando as funções cerebrais falham provocando esquecimentos de senhas, da localização de objetos, nome de pessoas conhecidas ou de filmes, etc. Estas falhas estão associadas a uma doença que vem crescendo muito: o Alzheimer. Uma doença que prejudica a memória, senso de orientação, atenção e capacidade de comunicação.
Esta semana assisti o filme “Para sempre Alice”, cuja protagonista é diagnosticada com Alzheimer aos 50 anos. Aos poucos ela perde suas conquistas intelectuais e a capacidade de viver de maneira independente. A Alice do filme era uma mulher muito ativa: professora, dona de casa e mãe de três filhos. Com a doença ela sofre porque perde a possibilidade de exercer estes papéis e precisa dos cuidados da família.
Pensando sobre o processo de adoecimento apresentado no filme me surgiram as seguintes perguntas: porque o cérebro de Alice se danificou? Quando o cérebro se danifica a consciência/espirito vai embora? Onde habita nossa consciência? Porque nos identificamos prioritariamente com nossas funções cerebrais?
Minha experiência como terapeuta e estudos me demonstram que cada uma das doenças tem uma origem em formas equivocadas de lidar com a vida. Alice, personagem que desenvolve Alzheimer, é uma mulher de sucesso, dentro do paradigma da sociedade ocidental, mas ao mesmo tempo tem grande dificuldade de lidar com conteúdos emocionais conflituosos, entre eles: não sabe lidar com o conflito entre as filhas, não aceita a escolha profissional da filha mais jovem; tem dificuldades de comunicação com o marido. A personagem transparece rigidez e autoritarismo em suas relações afetivas, inclusive no trato com os alunos.
O comportamento de Alice é muito comum na cultura ocidental, em que somos pressionados a investir tempo e dinheiro em estudos que asseguram sucesso profissional sem dedicar a necessária atenção as nossas dificuldades emocionais. Assim, nos tornamos aptos para trabalhar e incompetentes para construir relações humanas saudáveis.
Minha teoria é que com o tempo esta dissociação entre um intelecto brilhante e sentimentos infantis vão danificando o cérebro e causando as falhas em suas funções. O sofrimento é mais intenso porque acreditamos que somos o que conquistamos intelectualmente, por causa da cultura ocidental. Mas, a verdade é que a consciência continua dentro do cérebro doente para aprender o que realmente tem importância: O AMOR.